Zezinho do Café

1958

Zezinho do Café 

Texto por Victor Marques

No Brasil, Zezinho do Café; na França, Monsieur Café; na Polônia e na Alemanha, General Café. Assim nos traz o Jornal de Brasília, na edição de 2 de julho de 1975: alcunhas diferentes, de lugares diversos, que trazem à tona a mesma personalidade de Santa Cruz: José Barbosa de Oliveira, reconhecido internacionalmente por seu vasto trabalho no IBC - Instituto Brasileiro de Café.

Fotografia em preto e branco de duas senhoras de costas, viradas para um garçom sorridente, de terno, que serve café à da esquerda, que segura a xícara e tem o casaco pendurado no braço. eles estão em uma cafeteria, em frente a um balcão com algumas xícaras brancas.
Zezinho do Café, servindo um cafezinho. Data provavél: década de 1960. Autor desconhecido. Acervo NOPH.  

Cria da Zona Oeste do Rio de Janeiro, das ruas e logradouros santa-cruzenses, Zezinho atuou durante décadas como barista, sendo reconhecido por diversificados veículos de comunicação devido ao seu trabalho no preparo e na entrega do café, referenciado por jornais da época como "O Charme ao Servir o Café" e "Irreverência Natural", como nos conta o mesmo editorial do Jornal de Brasília.

Trabalhando também como degustador oficial do IBC, Zezinho tornou-se o garoto propaganda da instituição no ano de 1958, viajando por outros continentes junto às missões diplomáticas brasileiras realizadas pelas gestões federais que compuseram a nação, servindo então a bebida que pautou a sua área profissional. 

Fotografia do jornal argentino "Clarín", no qual estão propagandas de diversos produtos, com destaque para a propaganda do "Café Ouro Negro".
Propaganda do Café Oro Negro no jornal argentino Clarin, página 13, edição do dia 23 de maio de 1980. Acervo NOPH.  

Zezinho atuou durante décadas em vários governos que assumiram o poder no Brasil, servindo os presidentes e suas primeiras damas, desde o mandato constitucional de Getúlio Vargas, de 1951 a 1954, perpassando também os anos de Juscelino Kubitschek, até 1956, os meses de tentativas de reformas estruturais no País durante a gestão de João Goulart, iniciando em 1961 e encerrando após o Golpe de 1964, seguindo até o período da Ditadura Empresarial-Militar, chegando ao governo do presidente Ernesto Geisel, de 1974 até 1979. 

Desafiando os protocolos das organizações dos eventos governamentais de que participava, Zezinho trajava sua vestimenta de galões dourados com o símbolo do Café do Brasil no peito, quebrando normas sociais e raciais impostas, relacionadas ao contato e formas de portar-se diante de monarcas e governantes presidenciais e sendo um trabalhador negro do recorte periférico do município do Rio de Janeiro, ele apresentava irreverência frente aos seus encontros com as diversas personalidades ligadas aos altos postos de comando da política internacional: a Rainha Elizabeth II (Chefe de Estado do Reino Unido e dos Reinos da Comunidade de Nações), o Rei Gustavo IV Adolfo da Suécia, o ex-presidente dos Estados Unidos da América, Lyndon Baines Johnson, dentre outros. 

REFERÊNCIAS

ALEMANN dijo que el proceso favorece a los trabajadores. Jornal Clarín, Buenos Aires, 23 maio 1981. 

PERSONA: Gente e Hóspedes de Brasília. Jornal de Brasília, Distrito Federal, 2 jul. 1975.

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Published in 12/11/2023

Updated in 29/02/2024

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