Cine Fátima

30/05/1955

Cine Fátima

Texto por Keila Gomes

O Cine Fátima, um cinema criado nos anos 1950, estabeleceu-se no subsolo da Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição, destacando-se como uma das melhores salas da cidade, com capacidade para 700 espectadores. Sua inauguração ocorreu em 30 de maio de 1955, apresentando o filme "Iolanda - A Filha do Corsário Negro", um romance caribenho com piratas lendários. A ideia para o cinema surgiu do padre Guilherme Decaminada, e o estabelecimento exibia tanto clássicos (como "Os Dez Mandamentos" e "A Noviça Rebelde") quanto produções nacionais da Atlântida, estreladas por renomados atores como Grande Otelo, Oscarito, Eliana e Anselmo Duarte. O Cine Fátima também se destacava por exibir produções estadunidenses, preferidas pela juventude da região, de acordo com o professor e memorialista Sinvaldo Souza, que atuava na bomboniere do local.

Os filmes exibidos no Cine Fátima eram, em sua maioria, alugados, com exceção do rolo que continha a exibição da "Paixão de Cristo" durante a Semana Santa, seguida por "O Gordo e o Magro", uma comédia pastelão. Além das exibições, o Cine Fátima oferecia cursos de cinema à população. Em 1968, o Jornal do Brasil trazia um chamamento do cinema à população, em colaboração com a Secretaria de Cultura e a Cinemateca do MAM, visando promover o aprendizado cinematográfico.

O Cine Fátima também era utilizado para eventos diversos, desde cerimônias e solenidades até reuniões e formaturas do Colégio Barão do Rio Branco, além de celebrações como o "Dia do Motorista" e recenseamento escolar. No entanto, a programação do cinema gerou insatisfação por parte do Bloco da Crítica, um grupo carnavalesco tradicional de Santa Cruz, que expressava críticas à programação do cinema através de placas. O fato de estar situado no subsolo de uma igreja católica possivelmente levava a uma certa censura por parte da Arquidiocese e de frequentadores mais conservadores.

No contexto do fechamento de diversos cinemas de rua do subúrbio, impulsionado pela ascensão da televisão, o Cine Fátima também fechou suas portas. Ao contrário de outros cinemas contemporâneos, como o Cine Santa Cruz e o Palácio Campo Grande, que foram convertidos em bancos e igrejas, o Cine Fátima encerrou suas atividades, permanecendo como parte do patrimônio da igreja matriz e como um testemunho da história cinematográfica local.

A presença de cinemas de rua nos subúrbios, como o Cine Fátima, desempenhou um papel fundamental na vida da comunidade periférica de Santa Cruz. Além de proporcionar entretenimento e educação através das exibições de filmes e cursos de cinema, o cinema servia como um espaço de encontro, celebração e reflexão para os moradores da região

Imagem em preto e branco da pequena construção do Cine Fátima, à frente da grande estrutura de madeira, em formato de arco, da construção da igreja Nossa Senhora da Conceição.
Cine Fátima, embaixo da Igreja Nossa Senhora da Conceição, ainda em construção. Data provável: década de 1960. Autor desconhecido. Acervo NOPH.    

REFERÊNCIAS

LIMA, Renata Gomes. O desaparecimento do cinema de rua carioca: uma abordagem histórica e contemporânea. 2014. Monografia (Graduação em Comunicação Social) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.

NOPH 21. Rio de Janeiro, ago. 1985. p. 12.

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O Cinema: um grito por reconhecimento e acesso 

Crítica por Ynara Noronha 

datar texto.

 

 

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Published in 12/11/2023

Updated in 29/02/2024

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