Distrito Industrial

1961

Distrito Industrial

Texto por Keila Gomes

A história do Distrito Industrial se entrelaça no contexto histórico de desenvolvimento industrial e tecnológico, em que as vastas plantações de Santa Cruz deram lugar a um dos maiores distritos industriais do Brasil e o maior do Rio de Janeiro. Sua criação remonta aos anos 1960, quando o polêmico político Carlos Lacerda estava à frente do governo do Rio de Janeiro, na época chamado de Estado da Guanabara. O distrito foi planejado, inicialmente, para abrigar empresas dos ramos metalúrgico e siderúrgico, e seu processo de formação envolveu a abertura da Avenida Brasil até Santa Cruz, um fator locacional estratégico para a instalação de indústrias desse porte.

Fotografia colorida, registrada de certa distância, em diferentes tons de azul, de uma indústria em meio à vegetação rasteira, com montanhas verdes e grandes ao fundo.
Distrito industriral, empresa Ternium ao fundo, 2022. Foto por Mônica Parreira.      
Porto da Ternium Brasil localizado em Santa Cruz. Foto: Arquivo Ternium Brasil.    
Centro Industrial da Ternium Brasil. Foto: Arquivo Ternium Brasil.    

Naquela época, a Zona Oeste já enfrentava crises, como a crise da laranja, e se apresentava como uma fronteira urbana desordenada, sem planejamento, sujeita aos interesses imobiliários particulares. A Cia. Progresso Industrial da Guanabara assumiu a responsabilidade de repensar o desenvolvimento econômico e o espaço urbano da cidade. Para isso, foram criados instrumentos que facilitassem a implantação de indústrias na região, incluindo a venda de terrenos a preços acessíveis, isenções de impostos e outras medidas favoráveis. A primeira indústria instalada foi a Companhia  Siderúrgica da Guanabara em 1961. Dez anos depois, foi incluída no grupo GERDAU e sua inauguração oficial foi em 1973.

Foi apontada também a necessidade tanto de descongestionar áreas industriais, como o complexo industrial da Leopoldina, quanto de criar um novo polo de desenvolvimento com a indústria siderúrgica, impulsionando o novo Estado.

Os quatro Distritos Industriais – Santa Cruz, Paciência, Palmares e Campo Grande – foram criados na região da AP5 na década de 1970, seguindo o segundo Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), que buscava a implantação de grandes complexos industriais fora do Estado de São Paulo. A implantação desses distritos não apenas abriu caminho para a instalação de outras unidades industriais na Zona Oeste, mas também contribuiu para o aumento das exportações pelo Porto de Sepetiba/Itaguaí.

Em 1980, surge a AEDIN, a Associação das Empresas do Distrito Industrial de Santa Cruz (RJ), que se torna a maior associação empresarial da região. Com 14 empresas associadas, o Distrito Industrial proporciona 18 mil empregos diretos e indiretos, gerando mais de R$ 200 milhões por ano em impostos para a cidade do Rio de Janeiro. Dessa forma, a trajetória do Distrito Industrial de Santa Cruz se revela como um marco essencial no desenvolvimento econômico da região, refletindo não apenas o crescimento industrial, mas também a capacidade de adaptação e transformação das áreas urbanas ao longo do tempo.

Fotografia em preto e branco, em que Chagas caminha com o mesmo grupo, dentro de uma sala, em frente a uma parede cheia de quadros.
Governador Chagas Freitas inaugura a White Martins na Zona Industrial, em Santa Cruz (Na época Estado da Guanabara, atual cidade do Rio de Janeiro) 22 de novembro de 1972. Fonte: Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro - AGCRJ.        
Fotografia em preto e branco de Chagas com um grupo de homens, na rua, durante o dia. Eles olham para uma placa, onde se lê "Ponte Rio São Francisco, Construtora Rabello, Registro número mil duzentos e noventa e seis, Crea décima terceira região, Engenheiro responsável Jhon Charles Long Junior, Crea dois mil e oitenta e três, zero, Quinta região".
Governador Chagas Freitas Visita as obras da Ponte do Ruo São Francisco, próximo a Zona Industrial em Santa Cruz, 16 de maio de 1974. Fonte: Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro - AGCRJ.       
Fotografia em preto e branco de Chagas, de costas, com o corpo voltado para um quadro branco, no qual está centralizado, em letras pretas: "expansões da cosigua". Ele é um homem branco e calvo, com um pouco de cabelo atrás das orelhas. Veste terno. No quadro à direita, um projeto com mapa de ambientes e legenda. E ao lado, algumas datas a partir de mil novecentos e setenta e três. Chagas e outro homem, ao seu lado, cujo rosto não aparece, estão posicionados em frente às demais datas.
Governador Chagas Freitas inaugura oficialmente a COSIGUA(atual Gerdau), em Santa Cruz, (Na época Estado da Guanabara, atual cidade do Rio de Janeiro) 30 de outubro de 1973. Fonte: Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro - AGCRJ.       
Fotografia em preto e branco do interior de uma indústria. A foto foi tirada próxima de uma pessoa sentada em primeiro plano, de costas, à frente de uma mesa de painel de controle, no canto inferior esquerdo. Ao fundo, uma grande máquina, de onde sai vapor, e algumas poucas pessoas trabalhando, em pé, em volta dela.
Governador Chagas Freitas inaugura oficialmente a COSIGUA (atual Gerdau), em Santa Cruz, (Na época Estado da Guanabara, atual cidade do Rio de Janeiro) 30 de outubro de 1973. Fonte: Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro - AGCRJ.       
Fotografia em preto e branco de Chagas, de costas, com outros homens, no interior da Cosigua. Eles olham para o espaço, que tem máquinas, ferros e estruturas diversas. No canto inferior direito, um homem llevanta algum tipo de estrutura, cujo formato é em l, e, atrás dele, outro homem está parado.
Governador Chagas Freitas inaugura oficialmente a COSIGUA(atual Gerdau), em Santa Cruz, (Na época Estado da Guanabara, atual cidade do Rio de Janeiro) 30 de outubro de 1973. Fonte: Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro - AGCRJ.       
Fotografia em preto e branco de Chagas caminhando com um grupo de pessoas. Os homens estão de terno e a única mulher de vestido. Eles caminham da esquerda para a direita. Ao fundo, uma construção redonda com escadas em volta.
Governador Chagas Freitas inaugura a White Martins na Zona Industrial, em Santa Cruz, (Na época Estado da Guanabara, atual cidade do Rio de Janeiro) 22 de novembro de 1972. Fonte: Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro - AGCRJ.       

REFERÊNCIAS

CARVALHO, Camilla; PONSO, Fabio. Na Guanabara, Lacerda, Negrão de Lima e Chagas governam Cidade Maravilhosa. O Globo set. 2016. Disponível em: https://acervo.oglobo.globo.com/em-destaque/na-guanabara-lacerda-negrao-de-lima-chagas-governam-cidade-maravilhosa-20163142. Acesso em: 2 ago. 2023.

O QUARTEIRÃO. Jornal publicado pelo Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica de Santa Cruz (NOPH). Exemplares consultados: nov. 1984 a dez. 1998.

REIS, José de Oliveira. O Rio de Janeiro e seus prefeitos. Projetos de alinhamento. Rio de Janeiro: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, 1977.

WEYRAUCH, Cleia Schiavo. De Sertão à Zona Industrial. Revista Ágora, Vitória, n. 17, p. 13-31, 2013.

WIKIMAPIA. Siderúrgica Gerdau (Cosigua), 2012. Disponível em: http://wikimapia.org/993291/Sider%C3%BArgica-Gerdau-Cosigua. Acesso em: 18 jun. 2023

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Published in 12/11/2023

Updated in 9/03/2024

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