Banda 24 de fevereiro

24/02/1891

Banda 24 de Fevereiro

Texto por Keila Gomes

Fundada em 24 de fevereiro de 1891 por distintas personalidades do bairro de Santa Cruz, a banda “24 de Fevereiro” originou-se como uma forma de honrar a primeira Constituição Republicana. Seu pioneiro presidente foi Felipe Basílio Cardoso Pires, e o Maestro Manoel Angelino de Oliveira atuou como seu regente inaugural. A jornada da banda foi caracterizada por apresentações ao ar livre em praças, participações em celebrações religiosas e participação em eventos notáveis, como a inauguração do Trem Elétrico de Campo Grande a Santa Cruz, que contou com a presença do Presidente Getúlio Vargas. A banda também participou do programa "A Lira de Xopotó" da Rádio Nacional.

Fotografia em preto e branco, bastante desbotada pelo tempo, de uma grande banda, formada apenas por homens. Todos estão posando a foto, lado a lado, formando fileiras. A primeira fileira está sentada em uma calçada, e atrás, mais três fileiras estão em pé. Alguns seguram instrumentos de sopro, garrafas e copos. Todos trajando ternos, gravatas, e chapéus.
Fundação da Banda de Música do Ginásio Musical Recreativo 24 de Fevereiro. 24 de Fevereiro de 1905. Autor Desconhecido. Acervo NOPH.   

Com o emblema retratando uma lira, a Sociedade Carnavalesca exerceu influência sobre os principais grupos carnavalescos de Santa Cruz: Os Progressistas, Democráticos e até mesmo os Furrecas, sendo inclusive integrantes da banda que tocava durante o carnaval.

Na sua sede, ocorriam ensaios semanais, e eram proporcionados cursos livres de música. A banda centenária formou ao longo dos anos gerações de músicos que vieram a integrar as fileiras das bandas do Exército, da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros e dos Fuzileiros Navais, além de orquestras sinfônicas.

Fotografia em preto e branco, diúrna, de um desfile militar. Em primeiro plano, um homem segura uma arma, em pé, apoiada no ombro. Atrás dele, está a banda, composta por quatro fileiras de homens, tocando instrumentos. Todos trajam roupas sociais e quepes na cabeça. Eles estão em uma larga Rua e, nas duas calçadas, pessoas assistem. Ao fundo há árvores e casas.
Banda 24 de Fevereiro em desfile na Rua Felipe Cardoso, no centro do bairro de Santa Cruz. Data provável: década de 1960. Autor Desconhecido. Acervo NOPH.   

Inúmeros acontecimentos significativos compõem a história desta antiga banda de Santa Cruz. Contudo, a criação do Ginásio 24 de Fevereiro encontrou inicialmente dificuldades na angariação de sócios, evidenciando que Santa Cruz estava a passar por mudanças sob o regime republicano e que era necessária uma nova abordagem para promover atividades artísticas na região. Já em 18 de outubro de 1891, a diretoria liderada por Felipe Cardoso deixou seus cargos devido à falta de apoio dos associados ao ginásio. A nova diretoria não pareceu ter conseguido reverter essa situação, pois não foram encontradas quaisquer atividades associadas ao ginásio durante esse período. Quando o Grêmio retornou anos mais tarde, falou-se então em uma "Acta de reorganização", sugerindo que o ginásio ficou inativo devido à falta de apoio financeiro e associativo. Nesse momento, Santa Cruz, bairro outrora conhecido como a "terra da boa música", mantinha suas tradições musicais através dos padres jesuítas, da Coroa Portuguesa e posteriormente do Império Brasileiro. No entanto, tornou-se incapaz de manter uma sociedade musical, carecendo de apoio tanto do governo quanto da comunidade

Além disso, é importante destacar que a história da banda de Santa Cruz também está intrinsecamente ligada à evolução cultural da região. Atualmente, a sede da banda desempenha um papel fundamental no cenário artístico local, sendo parte integrante do ETAA (Elenco Teatral Amante das Artes). Essa nova empreitada representa uma continuação do compromisso histórico com as artes e a cultura, contribuindo para a promoção de espetáculos teatrais e manifestações artísticas diversas. Através dessa iniciativa, a antiga sociedade musical mantém viva a sua herança cultural, adaptando-se às demandas contemporâneas e perpetuando sua influência na comunidade de Santa Cruz.

Imagem de uma página da revista comemorativa do IV Centenário de Santa Cruz. O título é: Aí vem a 24 de Fevereiro! logo abaixo, uma fotografia em preto e branco, diúrna, da Praça Marquês de Herval. Abaixo, está a matéria "O Ginásio Musical e Recreativo 24 de fevereiro". LEITURA FEITA DIRETO DA FOTO
Exemplar da Revista Comemorativa do IV Centenário de Santa Cruz, reportagem sobre a banda 24 de Fevereiro, página 1, 1967. Acervo NOPH.   
Fotografia colorida de uma banda tocando no palco de um salão. A banda é composta por homens, que tocam instrumentos de sopro, bateria e cavaquinho. Ao centro, um homem fala ao microfone. Na frente de todos, estão posicionadas algumas partituras, presas em três suportes. O fundo do palco é preto e, no alto, há uma faixa, em que está escrito, em letras azuis: "Vivendo e aprendendo a jogar". No entorno do palco, alguns cartazes amarelos, com nomes de jogos, como jogo do bicho, baralho, roleta, entre outros. Na frente do palco, presa na borda de cima, tem uma bandeira pendurada, escrito: "Santa Cruz de Outros Carnavais". Sobre os músicos, algumas serpentinas estão penduradas no teto e abaixo do palco, há uma faixa preta, com ilustrações de pinos de boliche, cartas de baralho e trevo de quatro folhas.
Banda 24 de Fevereiro no Carnaval, 22 de Fevereiro de 2019. Foto Mônica Parreira.   
Fotografia colorida, noturna, de um grupo de homens, organizados lado a lado, formando três fileiras, tocando instrumentos de sopro e bateria, na rua. Todos estão trajando regata, bermuda e tênis brancos. Alguns usam chapéu. Ao fundo comércios e residências.
Banda 24 de Fevereiro no Carnaval, 22 de Fevereiro de 2019. Foto Mônica Parreira.   
Fotografia colorida, noturna, de uma banda tocando na rua. Em primeiro plano, há três homens,  tocando instrumentos de sopro com corpos voltados para lados diferentes. Logo atrás, um grupo de homens, organizados em cinco filas, também tocando instrumentos musicais. Todos trajam regata com a mesma estampa, bermuda e tênis brancos, e alguns usam chapéus.
Banda 24 de Fevereiro no Carnaval, 22 de Fevereiro de 2019. Foto Mônica Parreira.   
Fotografia colorida, noturna, de uma banda desfilando na rua. A banda está tocando instrumentos musicais, posicionados em 2 fileiras puxadas por dois homens à frente. Em primeiro plano, ao lado da banda, uma criança está segurando uma máscara de monstro na mão e usando um arco com orelhas de coelho na cabeça, ao lado de uma mulher, os dois estão de costas para a foto, voltados para a banda. Ela dança sorrindo, veste top e short preto, com saia de tule verde por cima. Ao fundo, com um acessório de plumas na cabeça, roupas e uma bandeira coloridas, está outra mulher. Próximo a eles, alguns carros estão estacionados e pessoas assistindo, na calçada, em frente a algumas casas.
Banda 24 de Fevereiro no Carnaval, 22 de Fevereiro de 2019. Foto Mônica Parreira.   

Conheça mais:

REFERÊNCIA

O ultra esplêndido carnaval na Terra das Maravilhas: As artes visuais na festa de Momo do subúrbio de Santa Cruz. (1904-1980). Gabriel Alves de Castilho. 2022. Rio de Janeiro. UFRJ(Universidade Federal do Rio de Janeiro)

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Published in 10/11/2023

Updated in 4/03/2024

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