Colônia Japonesa

30/05/1938

Colônia Japonesa em Santa Cruz

Texto por Guaraci Rosa

No ano de 1938, treze famílias nipônicas chegaram a Santa Cruz, vindas da cidade de Mogi das Cruzes, interior de São Paulo, contrariando a ideia comum de que partiram diretamente do Japão. A iniciativa de sua vinda partiu do Ministério da Agricultura do governo Vargas.

Entre os meses de maio e junho daquele mesmo ano, as seguintes famílias fizeram sua chegada: Toshima Ishihara, Kaoru Uehara, Nakajima, Tamura, Hashimoto, Miyata, Watanabe, Kitaro, Sunada, Tagashi, Hoshikawa, Torazo Tiba e Tozaka. Essas famílias buscavam novas terras para o cultivo de verduras, visando ao abastecimento da cidade do Rio de Janeiro.

Fotografia em preto e branco de um grupo de homens Imigrantes  Japoneses, durante o dia. Eles estão em frente a uma grande casa,  distribuídos em três fileiras, duas sentadas em banquetas e uma em pé,  uma atrás da outra. À frente de todos, à esquerda, um cachorro está  deitado e, no fundo, há algumas árvores.
Grupo de imigrantes japoneses em Santa Cruz. Autor desconhecido. Acervo NOPH.  

Nos anos seguintes, em 1939 e 1940, mais famílias se juntaram a essa comunidade pioneira, incluindo nomes como Keitaro Sudo, Rikio, Sussumu, Tamaichi, Enosuke Togaki, Yamguchi, Tiomatsu Togaki, Watanabe, Oguro, Ishizu, Kusuhara, Takahashi, Suzuki, Oki, Matsugoro Hoshima Fukamachi e Goshi, totalizando cerca de 40 famílias na região.

O local destinado a essas famílias foi na Reta do Rio Grande. Os primeiros anos foram marcados por desafios consideráveis. Apesar das condições alagadiças da região, a água das nascentes não era própria para consumo. A solução encontrada foi a escavação de poços profundos, garantindo acesso à água potável. A comunidade também enfrentou a malária, com muitos de seus membros contraindo a doença. Além disso, as enchentes frequentes agravavam ainda mais as dificuldades.

O governo cedeu as terras, mas não ofereceu incentivos estatais para auxiliar nesse empreendimento. Diante desse cenário desafiador, as famílias demonstraram perseverança e transformaram a vasta área em uma próspera região agrícola. 

Importante lembrar que os filhos dessas famílias nasciam em suas casas, refletindo a carência de recursos médicos adequados na época.

Entre os desafios, um aspecto positivo merece destaque: a decomposição dos vegetais ao longo do tempo resultou em um solo extremamente fértil. Com o passar dos anos, vários ciclos de cultivo foram estabelecidos, abrangendo culturas como tomate, batata-doce, quiabo, coco, aipim, banana, entre outras. A partir de 1950, a criação de galinhas passou a fazer parte da colônia, perdurando até 1967.

As plantações dessa comunidade supriam uma parcela significativa das necessidades da cidade, e o produto mais renomado era o "Tomate de Santa Cruz", que conquistou um lugar de destaque no mercado.

Esses imigrantes japoneses sempre se esforçaram para manter vínculos com suas raízes culturais. Em 1949, a primeira escola para o ensino da língua japonesa foi erguida. Além disso, o gateball, esporte popular entre os colonos, é um exemplo vivo dessa conexão cultural.

A união desses colonos é impressionante e notável. Desde sua chegada a Santa Cruz, eles formaram uma Associação para proteger seus interesses. Em 2018, essa Associação contava com 14 famílias associadas, equivalente ao número de famílias residentes em Santa Cruz.

Recorte de jornal, com a reportagem: "colônia japonesa festejou 80 anos de  imigração". Abaixo, a foto de alguns japoneses e japonesas, trajando  kimonos, observando um deles jogar golfe. Abaixo da imagem, um texto  que descreve o encontro da Colônia nipônica do Estado do Rio.
Reportagem "Colônia japonesa festejou 80 anos de imigração", 24 de junho de 1988. Fonte: Jornal Patropi. Acervo NOPH.  

REFERÊNCIAS

JORNAL O GLOBO. Rio de Janeiro, 22 out. 1988.

MUSEU DA IMIGRAÇÃO JAPONESA. A história da imigração japonesa. Disponível em:  http://www.mhijrio.com.br/. Acesso em: 23 ago. 2023

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Published in 10/11/2023

Updated in 27/02/2024

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