Saída de António Pedro do TEP

02/1961

Herdeiro da experimentação do pós-guerra nos anos cinquenta, o Teatro Experimental do Porto (TEP) será o único sobrevivente dos grupos criados nesse período, carregando, praticamente, sozinho a bandeira do teatro de arte durante as décadas de cinquenta e sessenta – momento em que começará a tomar forma um movimento de teatro independente em Portugal.

António Pedro criou no coletivo portuense uma verdadeira escola de atores que virão a marcar o teatro em Portugal pelo seu inegável comprometimento artístico, tais como João Guedes, Dalila Rocha, Baptista Fernandes, Vasco de Lima Couto, Nita Mercedes, Madalena Braga, Fernanda Gonçalves, José Braz, Pedro Santos e Mário Jacques. 

O TEP foi também um espaço privilegiado de experimentação ao nível da cenografia e da iluminação, sentindo-se em algumas criações o eco atilado dos ensinamentos de Gordon Craig ou Adolphe Appia. O cuidado e exigência que colocava na dimensão plástica dos seus espetáculos atraía para as suas equipas artísticas alguns dos mais notáveis nomes das artes plásticas e/ou da arquitetura, tais como  Ângelo de Sousa, Augusto Gomes, Mário Bonito ou Júlio Resende.

“O Homem do Teatro do Porto”, crónica da autoria de Remos de Almeida, s/data. Arquivo CCT-TEP.   
“Carta Aberta a António Pedro”, Carlos Porto, Diário de Lisboa, 8 de janeiro de 1987. Arquivo CCT-TEP.   

Pedro permaneceu no TEP até 1961, estreando o seu último espectáculo a 10 de Fevereiro, e saindo num processo controverso que incluía motivos económicos e conflitos de vária ordem. A saída de António Pedro fez repensar o futuro do TEP, colocando como diretor artístico o ator João Guedes.

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Published in 8/03/2022

Updated in 10/05/2022

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